Eu quero percorrer as ruas desertas
como os pobres que se ocultam na sombra das casas altas,
como os anciãos ignorados nadando sem prazer no ria da vida,
como os pais procurando o filho que fugiu.
Eu quero percorrer as ruas desertas
alongadas por silêncios repousantes sem fim sem fim.
pensando em tuas mãos, em teus braços, em teus gestos,
e em ramos que virão a murchar com o advento do outono.
Eu quero percorrer as ruas desertas
como os pássaros que fogem do ninho finda a noite,
como as estrelas que cegaram perdidas pelas nuvens,
como os corpos infantis que vagueiam na névoa dos meus olhos.
Eu quero percorrer as ruas desertas
de olhos motros ao adeus de tuas formas distantes
e partir por esta noite calma com as sementes do meu sonho
para semear num campo enluarado que não seja teu corpo.
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Plagiada de: Boletim de Ariel, Rio, 1936 - Republicada em: Os Poemas Perdidos e Seu Reencontro
